Muitas pessoas sempre perguntam sobre o transtorno de personalidade Borderline, ou só pessoa com Borderline, falam abertamente nas redes sociais sobre isso e você pode ficar até em dúvida se tem esse transtorno ou tem só traços dele, se conhece ou convive com alguém assim, mas primeiro quero esclarecer uma coisa com vcs:
pessoas podem ter o diagnóstico de algum transtorno, se enquadrar nos critérios definidos por manuais e estudados profundamente para ter qualquer tipo de transtorno ou apenas ter traços, algumas características ou sinais desse transtorno e não o diagnóstico fechado dele.
Um exemplo: você pode ter uma característica mais agitada, em algumas situações não consegue manter o foco, andar bem irritado com tudo…..mas não significa que você tenha TDAH. Você tem algumas características, alguns sinais semelhantes ao TDAH mas quando avaliado por um bom profissional, não se enquadra nos critérios diagnósticos estabelecidos para esse transtorno. Ou seja, você tem alguns traços, mas não tem o transtorno.
Com os transtornos de personalidade Borderline e a mesma coisa: segundo o manual de diagnóstico de Saúde Mental mais bem estabelecido pela ciência hoje, o DSM V, para a pessoa ter o diagnóstico de transtorno de personalidade Borderline ela precisa apresentar uma grande instabilidade nas suas relações interpessoais, na sua autoimagem, nos seus afetos, sempre com grande impulsividade e pelo menos mais 5 características bem específicas para que o diagnóstico de transtorno seja fechado. Caso contrário, a pessoa possui apenas traços.
Importante destacar aqui que, a prevalência deste transtorno no mundo é de 2 a 5% da população, sendo que 75% dos pacientes diagnosticados com esse transtorno são mulheres.
Sabemos que todo transtorno mental é multifatorial, ou seja, não existe uma causa específica, várias coisas juntas levam a desenvolvê-lo. No caso de TPB história infantil de abuso físico e sexual, negligência, estresses durante a primeira infância, tendência genética (parentes de primeiro grau de pacientes com TPB são 5 vezes mais propensos a ter a doença do que a população em geral), além de distúrbios nas funções reguladoras dos sistemas cerebrais estão presentes em alguns pacientes.
As pessoas com TPB são muito sensíveis ao ambiente, vivenciam medos intensos de abandono, por exemplo, eles podem ficar em pânico ou furiosos quando alguém importante para eles está alguns minutos atrasado ou cancelado um compromisso. Eles pensam que esse abandono significa que eles são ruins. Eles temem o abandono em parte porque não querem estar sozinhos.
Experimentam raiva absurda e inadequada e podem expressá-la com sarcasmo cortante, amargura ou falação irritada, muitas vezes direcionada ao cuidador ou cônjuge por negligência ou abandono. Após a explosão, eles muitas vezes sentem vergonha e culpa, reforçando seus sentimentos de que são maus.
Mudam rapidamente de humor, essas mudanças costumam durar apenas algumas horas e raramente duram mais do que alguns dias. Eles sabotam a si mesmos quando estão prestes a alcançar um objetivo. Por exemplo, eles podem abandonar a escola pouco antes da graduação, ou podem arruinar um relacionamento promissor.
Esses pacientes tendem a mudar o ponto de vista que têm de outras pessoas de forma abrupta e dramática. Eles podem idealizar um potencial cuidador ou amante no início do relacionamento, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem tudo. De repente, eles podem achar que a pessoa não se importa o suficiente, e ficam desiludidos; então eles podem desprezar ou ficar irritados com a pessoa.
Também podem mudar abrupta e radicalmente sua autoimagem, mostrada pela mudança súbita dos seus objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos. Eles podem ser carentes em um minuto e se sentirem justificadamente com raiva sobre serem maltratados em seguida.
A impulsividade que leva à automutilação é comum. Esses pacientes podem apostar em jogos de azar, praticar sexo inseguro, ter compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente, abusar de droga ou gastar demais. Comportamentos suicidas, gestos e ameaças e automutilação (p. ex., se cortar, queimar) são muito comuns.
Embora muitos desses atos autodestrutivos não visem acabar com a vida, o risco de suicídio nesses pacientes é 40 vezes maior do que na população em geral. Aproximadamente 8 a 10% desses pacientes morrem por suicídio. Esses atos autodestrutivos são geralmente desencadeados pela rejeição por possível abandono ou decepção com um cuidador ou cônjuge.
Mas e tratamento, TPB tem cura?
Nenhum transtorno mental tem cura. Nós falamos em tratamento e remissão dos sintomas. No caso do TPB, o principal tratamento para o transtorno de personalidade borderline é a psicoterapia. Nesses casos a terapia cognitivo-comportamental, através das técnicas da DBT focal na desregulação emocional e na falta de habilidades sociais que estes pacientes possuem.
O tratamento é longo e bastante trabalhoso tanto pro profissional psicólogo, quanto para o paciente. Fármacos funcionam melhor quando usados com moderação e sistematicamente para sintomas específicos.
Bom, espero que eu tenha clareado um pouco a mente de vocês sobre esse tema. Não é simples, não é comum, mas muitas pessoas e até nós mesmos temos muitos desses traços. Deixe nos comentários se você se sente assim, ou conhece alguém que tenha essas características.
Tchau e até a próxima!
Comentários
Postar um comentário
Obrigada pelo seu comentário!