Primeiro precisamos definir ansiedade: um estado de preocupação, nervosismo ou mal-estar típico sobre um evento que vai acontecer ou algo com resultado incerto. Já na ansiedade social essa preocupação, nervosismo e mal-estar estão relacionados principalmente às interações sociais. Pra gente entender melhor, preciso te explicar a ansiedade como um todo. A ansiedade é uma característica humana comum capaz de fazer enfrentarmos desafios, ir alem, avançar em espaços e conquistas. Acontece que, quando em estado patológico, atrapalha e muito nossa vida.
A ansiedade é criada e sustentada por 3 componentes diferentes: o fisiológico, o pensamento (cognitivo) e o comportamento. O componente fisiológico é caracterizado pelo que sentimos em nosso corpo: coração acelerado, sudorese nas mãos, rosto avermelhado e quente, e até sensação de desmaio. E o primeiro componente que as pessoas notam quando estão muito ansiosas. Num ataque de pânico, por exemplo, esses sintomas são tão fortes que trazem uma sensação de morte para a pessoa.
O segundo componente é o cognitivo, ou seja, os nossos pensamentos. Qualquer pensamento ansioso que tivermos está nessa categoria: vou fazer papel de bobo, vão rir de mim, sou chato demais, ou seja, qualquer dedução ou previsão futura que surja em nossos pensamentos pertence a esse componente cognitivo. O terceiro componente é o comportamento, relacionado aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. Deixar de fazer contato visual, gaguejar, se esconder ou falar rapidamente algo, tudo isso está relacionado ao nosso comportamento, inclusive evitar se relacionar.
Na ansiedade esses 3 componentes trabalham juntos, de forma misturada, sem que muitas vezes, consigamos identificar ou separar cada um deles. Um exemplo: vamos supor que seu chefe chega pra você e diga que precisa conversar contigo depois do almoço. Você automaticamente pode pensar que fez algo errado ou ficar com medo de ser demitido. Seu coração dispara, suas mãos suam, o estômago dói. Você imediatamente inventa uma desculpa para não comparecer a esta conversa.
Ok, entendi, mas como posso enfrentar essa ansiedade social?
Para isso você precisa lutar contra os 3 componentes. A primeira coisa a fazer é uma exposição gradativa, o que chamamos na psicologia de dessensibilização sistemática. Nada mais é que se expor lentamente e de forma gradual aquilo que me provoca muita ansiedade, até que ela não seja mais assustadora ou provocadora de ansiedade. Importante falar que essa exposição gradual precisa ser feita junto com um profissional psicólogo pois necessita de preparação, suporte, ambiente controlado e estabelecer graus de evolução dessa exposição. Só assim a pessoa estará apta e segura para aos poucos ir aplicando essa técnica em sua vida social. Essa prática em ambiente controlado (no consultório) tem altíssima eficácia pois permite que a pessoa identifique os 3 componentes presentes, converse com psicólogo sobre possíveis respostas ou demandas que podem surgir na prática. A pessoa vivencia o que pode acontecer e se torna mais segura.
A segunda coisa a fazer é uma reestruturação cognitiva. Esse nome é complexo mas significa uma coisa bem simples: questionar nossas crenças mais profundas, suposições e expectativas que temos a respeito de algo. Na ansiedade social acreditamos realmente que, quando vamos fazer uma apresentação, por exemplo, vamos falar besteira e passar vergonha. Mas quando questionamos essa crença, essa certeza que vai dar errado, ponderamos se isso é realmente real ou apenas uma previsão futura idealizado por nós. Na terapia, o psicólogo consegue identificar com certa facilidade quais são essas crenças, quando aparecem, e juntos fazem um trabalho para reestruturar esses pensamentos. Você e o psicólogo identificam se essas crenças fazem sentido e se só uteis na sua vida. E não precisa ter medo ou ficar ansioso por isso. Esse trabalho é feito devagar e com cuidado pelo psicólogo.
O que você já pode fazer hoje se quiser, é uma lista de situações sociais que te deixam ansioso e levar isso para terapia. Quando conseguimos reconhecer e entender esses pensamentos, é como se estivéssemos no controle da situação, e a partir daí decidir sobre nosso comportamento, que faz parte da terceira coisa que podemos fazer. A terceira e última coisa a se fazer é praticar. Colocar em prática tudo isso como tarefa de casa. Você aprende como fazer durante a terapia e começa a aplicar na sua rotina diária, aos poucos e com segurança. Para isso você precisa estar disposto a se desafiar e enfrentar novas situações. E na minha opinião esse é o passo mais importante.
Então para você conseguir vencer a ansiedade social você precisa se expor gradativamente e em segurança as situações que te angustiam, precisa identificar e questionar seus pensamentos disfuncionais e praticar aos poucos o enfrentamento a essas situações. Eu sei que não é fácil, aliás é desesperador sentir essa ansiedade, mas com a ajuda e orientação de um bom profissional essa questão pode ser resolvida com muito sucesso.
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